Aproveitando as notícias que estão ocorrendo, não só no Brasil, como no mundo, gostaria de relatar para vocês um pouco da histór...

Quem foi Carlos Marighella?

         Aproveitando as notícias que estão ocorrendo, não só no Brasil, como no mundo, gostaria de relatar para vocês um pouco da história de um personagem histórico do nosso país e que sua história é um tanto que atual
nesse período político em que estamos vivendo. Além do mais, o Ator e Diretor Wagner Moura estará lançando um filme sobre sua história. O nome desse personagem é Carlos Marighella. 
      Nascido na Bahia, de pai operário italiano, mãe negra da etnia dos Haussás e origem humilde. Militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e um dos líderes da Ação Nacional Libertadora (ALN). Preso em duas ditaduras, torturado, guerrilheiro e poeta. Para a grande mídia e os que escrevem a História: terrorista.

         Marighella era um estudante de engenharia civil da Escola Politécnica da Bahia. Durante os anos trinta, ele se convence inteiramente da superioridade intelectual do marxismo e decide largar os estudos para se tornar militante em tempo integral do Partido Comunista Brasileiro na época dirigido por figuras históricas como Astrojildo Pereira e Luís Carlos Prestes. Tornou-se, então, militante profissional do partido e se mudou para o Rio de Janeiro. Neste, combateu a ditadura de Getúlio Vargas, foi preso por subversão e torturado. Solto pelo regime e eleito deputado federal constituinte quando acabou cassado.
         Nos anos seguintes, ainda ativista, Marighella passou uma temporada na China de Mao Tsé-tung, em que conheceu de perto a revolução cultural antes de embarcar para Cuba, coração do castrismo, onde aprendeu tudo o que precisava sobre a luta armada. É inteiramente influenciado pelos acontecimentos políticos nesses dois países que Marighella decide voltar ao Brasil em plena ditadura militar e fundar o grupo Ação Libertadora Nacional, responsável, entre outras coisas, pelo sequestro do embaixador americano Charles Elbrick, no ano de 1969, pedindo em troca a libertação de presos políticos. Nesse mesmo  ano é celebrado como principal comandante da guerra revolucionária da América do Sul.
         Considerado pela CIA o “sucessor de Che Guevara” que Marighella lança sua obra mais conhecida: o “minimanual do Guerrilheiro Urbano”, antes de morrer no dia 4 de Novembro. Vítima de quatro tiros numa emboscada policial, na alameda Casa Branca, na cidade de São Paulo.
         Nos anos 70, o “minimanual do Guerrilheiro Urbano” se tornou um cânone da luta contra um regime de exceção de direita em defesa da instauração de um regime de exceção de esquerda. Marighella defendeu táticas de guerrilha como o assassinato de pessoas, o preparo de bombas molotov, granadas, minas e artefatos de destruição caseiros, a falsificação de documentos, o sequestro de residentes ou turistas norte-americanos, além de assaltos, greves e ocupações, e técnicas de sabotagem contra a “economia do país, a produção agrícola e industrial” e os “sistemas de comunicação e transporte”. O plano era complexo:  sequestrar o Estado brasileiro, assassinando “chefes e assistentes das forças armadas e da polícia” e expropriar “os recursos do governo e daqueles que pertencem aos grandes capitalistas, latifundiários e imperialistas”.
         Para conquistá-lo, Marighella não teve receio de defender explicitamente o terrorismo. No minimanual ele afirmou que:

“O ato do terrorismo, fora a facilidade aparente na qual se pode realizar, não é diferente dos outros atos da guerrilha urbana e ações na qual o triunfo depende do plano e da determinação da organização revolucionária. É uma ação que a guerrilha urbana deve executar com muita calma, decisão e sangue frio. Ainda que o terrorismo geralmente envolva uma explosão, há casos no qual pode ser realizado execução ou incêndio sistemático de instalações, propriedades e depósitos norte-americanos, fazendas, etc.  É essencial assinalar a importância dos incêndios e da construção de bombas incendiárias como bombas de gasolina na técnica de terrosismo revolucionário. Outra coisa importante é o material que a guerrilha urbana pode persuadir o povo a expropriar em momentos de fome      e escassez, resultados dos grandes interesses comerciais. O terrorismo é uma arma que o          revolucionário não pode abandonar.” Carlos Marighella


         Marighella não tergiversava. O objetivo por trás do manual, longe da restauração da democracia no Brasil era indiscutivelmente a construção de uma revolução socialista. Para o guerrilheiro:

“A revolução é um fenômeno social que depende dos homens, das armas e dos recurso. As armas e os recursos existem no país e podem ser tomados e usados, mas para fazer isto é          necessário contar com homens. Sem eles, as armas e os recursos não tem nem uso nem valor”
“Este é o núcleo doutrinado e disciplinado com uma estratégia de longo alcance e uma visão tática consistente com a aplicação da teoria Marxista, dos desenvolvimentos do Leninismo e        Castro-Guevaristas, aplicados às condições específicas da situação revolucionária. Este é o nucleo que dirigirá a rebelião à fase de guerra de guerrilha.”

         Com a sua morte, Marighella se tornou uma lenda das lutas de esquerda no Brasil. Em 2009, Lula o chamou de “herói”. Em 2012, Caetano Veloso o homenageou com a música “Um Comunista”, a faixa mais longa do álbum “Abraçaço”.
No mesmo ano, os Racionais MC’s lançaram a canção “Mil faces de um homem leal”, eleita a melhor música brasileira do ano pela revista Rolling Stone Brasil, além do Clipe do Ano no VMB 2012. No trecho da música, o rapper Mano Brown canta:

         “O desejo de todo revolucionário, é fazer a revolução
         Cada patriota deve saber manejar sua arma de fogo
         Aumentar sua rsistencia física
         O principal meio para destruir seus inimigos
         É aprender a atirar
         Carlos Marighella!”


Marighella foi um desses personagens típicos do suubdesenvolvimento latino americano. Sua história é amplamente romantizada como a de um herói mulato genuinamente nacional. Um produto do humanismo comprometido com a demolição dos Estados totalitários, defensor dos fracos e oprimidos quando o que pode oferecer foi a apologia ao terrorismo, a defesa de ideias econômicas inegavelmente catastróficas, a atuação junto a alguns dos maiores genocidas do século XX e uma tentativa fracassada de constituir uma ditadura de esquerda no Brasil, apelando para assassinatos, sequestros e assaltos a mão armada. Como ele mesmo escreveu sobre a sua organização terrorista a Ação Libertadora Nacional, em agosto de 1969, dois meses antes de morrer:

“Os dirigentes de nossa organização não podem provir de eleições. Os dirigentes surgem da ação e da confiança que despertam pela sua participação pessoal nas ações. Todos nós homens que dependem de votos de outros revolucionários ou de quem quer que seja para se     desempenharem do dever de fazer a revolução.”



Por: Carlos

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